domingo, 1 de janeiro de 2012

Cuida do mais importante

Era uma vez um jovem, que recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a um outro rei de uma terra distante. Recebeu também o melhor cavalo do reino, para levá-lo na jornada.

– Cuida do mais importante e cumprirás a missão! –  disse o soberano, ao se despedir do rapaz.

Pela manhã, bem cedo, sumiu no horizonte. E não pensava sequer em falhar. Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente cavaleiro, pronto para desposar a princesa. Aliás, este era o seu sonho, e parecia que a princesa correspondia às suas esperanças.

Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento. Não lhe aliviava da sela e nem da carga; tampouco se preocupava em lhe dar de beber ou providenciar alguma ração.

– Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal – disse-lhe alguém.
– Não me importo. Tenho dinheiro. Se este morrer, compro outro. Nenhuma falta fará! – respondeu o rapaz.

Com o passar dos dias e sob tamanho esforço, o pobre animal, não suportando mais os maus-tratos, caiu morto na estrada. O jovem simplesmente o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé.

Acontece que nessa parte do país havia poucas fazendas, e eram muito distantes umas das outras. Passadas algumas horas, ele se deu conta da falta que lhe fazia o animal.
Seu passo se tornou curto e lento. As paradas, frequentes e longas. Como sabia que poderia cair a qualquer momento, e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada, onde ficou desacordado.
Para sua sorte, uma caravana de mercadores, que seguia viagem para o seu reino, encontrou-o e cuidou dele. Ao recobrar os sentidos, encontrou-se de volta à sua cidade.
Imediatamente foi ter com o rei, para contar o que havia acontecido, e com a maior desfaçatez colocou toda a culpa do insucesso nas costas do cavalo “fraco e doente” que recebera.

– Porém, Majestade, conforme vós me recomendastes, “cuida do mais importante”, aqui estão as pedras que me confiastes. Devolvo-as a vós. Não perdi uma sequer.

O rei recebeu os diamantes de suas mãos com tristeza e o despediu, mostrando completa frieza diante de seus argumentos. Abatido, o jovem deixou o palácio. Estava arrasado.

 Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia: “Ao meu irmão, rei da terra do Norte. O jovem que lhe envio é candidato a casar com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifica o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem aprecia a fidelidade e força de quem o auxilia na jornada. Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido nem um bom rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino, e não dará importância à rainha, nem àqueles que o servem”.

Comparo esta história com o homem que segue sua jornada tão preocupado com o seu exterior, isto é, seu corpo, que o guarda como se fosse ouro, esquecendo de alimentar sua alma e seu espírito com o amor e com a Palavra de Deus. Certamente não cumprirá a missão, já que não sabe guardar o que é mais importante!

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